segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Filmes de/sobre arte

Histórias de Nova Iorque (Título Original: “New York Stories” - 1989 - realização: Martin Scorsese, Francis Coppola & Woody Allen). Um dos 3 episódios do filme, o do Scorsese, com Nick Nolte fazendo o pintor, é envolvente, com a música do Procol Harum ('a whiter shade of pale') tocando ad nauseam. Nick Nolte é um p* ator e dá total profundidade e credibilidade a seu personagem. Muito bom. (opinião do Tom)

Pollock ( www.sonyclassics.com/pollock ) Muito cartesiano (o filme, claro), com o Ed Harris muito preocupado em ganhar o Oscar. (opinião do Tom)

Modigliani, com Andi Garcia fazendo o papel-título. Péssimo: erros históricos e conceituais. (opinião da Manamara, Rogério, Pedro e Augusto)

Um filme para Nick, do Wim Wenders e Nicholas Ray. Sobre arte do cinema, da interpretação e da amizade. Muito lindo. (opinão da Manamara)

Morte em Veneza, do Visconti, baseado na novela do Thomas Mann, é um estupendo, monumental filme sobre arte, sobre beleza, Eros e Tanatos. (opinão do Tom)

Frida. Fraco, por não ser falado em espanhol, ser pop demais, e por atenuar a condição física da pintora, focado demais em questões domésticas. Falta à Salma Haiek o mistério, o enigma, a vivência que sobravam em Frida Kahlo. (opinião do Tom)

O mistério de Picasso, de Henri-Georges Clouzot, 1956. Mostra ele pintando, um dia inteiro... mostra bem porque Picasso é Picasso. Curiosidade: conforme determinado no contrato, todas as pinturas e desenhos realizados durante o filme foram queimados logo depois da filmagem. Imperdível. (opinão do Rogério e Pablo)

Vincent & Theo, do Robert Altman. Bom. Mas me desagrada a caracterização do Tim Roth. Por mais esquisito que Van Gogh fosse, é muito arriscada a opção do ator em não buscar a simpatia do público. (opinão do Tom)

O Coração de Cristal, do Herzog, que versa radicalmente sobre a técnica. Imperdível. (opinião do Tom)

Os amores de Picasso, com Anthony Hopkins fazendo o papel do pintor, é medíocre. (opinão do Rogério e Mário)

O Rei da Comédia (The King of Comedy – Martin Scorsese – 1983), com Robert De Niro e Jerry Lewis. Não fala diretamente em artes plásticas, mas coloca superbem a questão da "fantasia de glória" x "trabalho árduo diário". É o filme mais subestimado do Scorsese, mas é um dos seus melhores. (opinão do Rogério)

Caravaggio é muito mais um filme de Derek Jarman do que um filme sobre Caravaggio. Jarman filmava com pouco dinheiro e muita criatividade, para um público preparado para a liberdade narrativa que, creio, não exista mais. Derek é ele próprio um artista plástico, na sua essência. (opinão do Tom)

Em Carlota Joaquina, da Carla Camurati, com a Marietta Severo no papel-título, há a cena em que a familia real é apresentada por inteiro como se estivesse na boca-de-cena de um teatro convencional, e nós, os espectadores, na platéia. Eles têm o olhar voltado intensamente em nossa direção, examinando o andamento de um quadro de Debret que os retrata. Faz, assim, uma paródia do famoso Velasquez (Las Meninas). (opinão do Mário)

Muito recorrente nestes filmes é os atores caricaturem o pintor. Exceção ao Nick Nolte no citado "Histórias de Nova Iorque" e Ed Harris em "Pollock". Outra coisa que incomoda: quadros mal pintados aparecendo como se fossem os que foram realmente feitos pelo pintor. Em "Moça com brinco de pérola" (o pintor também muito caricaturado) é de doer, pinturas grotescas são usadas quando seria muito fácil plotar uma reprodução do original. Coitado do Vermeer. O filme "Modigliani" é uma anti-aula sobre história da arte: várias fantasias absurdas são colocadas como "fatos históricos" e até umas ilustrações ridículas, maneiristas e fantasiosas aparecem como se fossem feitas pelos pintores: muito mal pintadas, aqueles pintoires nunca fariam algo tão rasteiro. (opinão do Rogério)

Filme de Ivan Cardoso sobre Hélio Oiticica:
br.youtube.com/watch?v=vxEFy7GvFrs (primeira parte)
br.youtube.com/watch?v=Pg2zPNKFKfI&mode=related&search= (segunda parte)

Alguns outros sobre arte (não artes plásticas) que são excelentes: Vatel, Contos Proibidos do Marquês de Sade, Ray, Minha Amada Importal, Shine. Alguns filmes que valem a pena, por questões plásticas: (aliás, todos do Kieslowsky), Spider, Dogville, Alphaville, A Dupla Vida de VeroniqueO Clã das Adagas Voadoras, O Tigre e o Dragão, As Luzes de um Verão.
(opinão do Eric)

Gustav Klimt, com John Malkovich, o trailer pode ser visto em www.youtube.com/watch?v=WbbaU5P0lL4&feature=related , e Uma escola de arte muito doida (o titulo em português é horrível), também com Malkovich: www.youtube.com/watch?v=NRgvKkGcRd4

Grandes Esperanças, com Ethan Hawke interpretando um pintor, Gwyneth Paltrow e Robert DeNiro. O filme é bom, mas é sessão da tarde, aguinha com açúcar. Curiosidade: as pinturas e desenhos do filme são de Francesco Clemente.
(opinão do Augusto)

Moulin Rouge, com José Ferrer, sobre a vida de Tolousse-Lautrec. Me marcou muito, e de certa forma ajudou na minha opção de fazer arte. (opinão do William)

Também citados:
Teorema, do Pasolini: tem um artista plástico, o 'filho', que rompe com Deus fazendo pintura abstrata. Ótimo.
Delírios de Paixão, sobre o Tchaikovski. Lindo.
Goya, do Saura. Muito bom.
Janela da Alma, de João Jardim e Walter Carvalho. Muito bom.
Camile Claudel. Bom.
Agonia e êxtase, sobre Michelangelo e a Capela Sistina.
Incógnito, sobre Rembrandt.
Sede de Viver, Kirk Douglas faz Van Gogh
Rumo ao Paraiso, sobre Paul Gauguin
Basquiat
O Sorriso de Mona Lisa
Sonhos, de Kurosawa
Sede de Viver, de Vincent Minelli
Andrej Rublev, do Tarkovski
A cor dos meus sonhos, do Miró

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

A comunidade "Pintura fora da Pintura" no Orkut

Em 10 de julho de 2006, criamos esta comunidade no Orkut, debatendo diversas questões sobre a pintura e arte contemporânea: http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=35643976

Atualmente com 115 membros, a comunidade evita o acesso de perfis não suficientemente identificados ou falsos ("fakes"). Num universo (o Orkut) que permite o uso de máscaras, incentivamos outra de suas enriquecedoras possibilidades que é a aproximação de identidades.

A experiência nos demonstrou que o debate é mais consistente, produtivo e camarada quando as pessoas com quem debatemos se identificam melhor. É claro que não temos garantia absoluta de que as pessoas da nossa comunidade são realmente como dizem ser, mas temos comprovado que este incentivo não só qualifica o debate como aproxima mais as pessoas e oportuniza outras iniciativas bem legais.

A interface do Orkut nos parece mais eficiente do que um fórum comum.

No entanto, para que estes debates não fiquem restritos ao ambiete do Orkut, resolvemos criar este blog, idéia que surgiu quase que simultaneamente entre alguns membros. Coisas do debate via internet, um "pensar coletivo"...

A primeira exposição "Pintura fora da Pintura"

A primeira exposição "Pintura fora da Pintura" abriu em 29 de janeiro de 2005 na Galeria do Poste, em Niterói.

Participaram Anita Fiszon, Marco Antonio Portela, Mauro Bandeira, Patrícia Gouvêa, Rogério Rauber e Sheila Mancebo. A curadoria foi de João Wesley.

O texto para a mostra:
Pintura fora da Pintura

Circundar as relações implícitas na questão da expansão das configurações planares, para além das suas fronteiras habituais, é o pretexto que utilizamos para reunir seis artistas cujos trabalhos vem, de um modo ou de outro, transbordando os limites impostos pelo suporte tradicional da pintura.

As diferentes linguagens que podemos constatar neste “Poste comemorativo e coletivo”, espelham de modo exemplar a diversificação dos meios que os artistas atuais lançam mão para exprimir seus conceitos e poéticas.

Tais procedimentos, simultaneamente particulares e expansivos em termos experimentais, terminam gerando configurações híbridas que, neste caso específico, gravitam em torno da duração da experiência pictórica e da transposição das suas antigas delimitações, instituídas pelos territórios lingüísticos rígidos, oriundos da concepção moderna de arte.

Objetos, fotografias, planos esculpidos, linhas desenhadas, bagaços de tecido com madeira e ocupações relacionais, apesar da evidente diferença, acabam sempre suscitando alguns vestígios de pintura que ainda se encontram impregnando as profundezas do nosso olhar. Curiosamente, estes gestos repousam em mídias que estranham o fato do pigmento sobre a tela comportadamente esticada.

Esta exposição cujo foco é o descentramento e a desestabilização do conhecimento cristalizado coincide felizmente, com a comemoração de oito anos de atitudes similares, que residem na própria existência da Galeria do Poste.

João Wesley de Souza
Janeiro de 2005